Caldas da Rainha na Rede de Cidades Interculturais
A diversidade cultural é um dado real e atual das
nossas sociedades, onde se entrelaçam vários intervenientes que carregam em si,
como traço intenso e inolvidável, uma grande desigualdade. Dentro deste
contexto assumidamente multicultural, por forma a criar ambientes de
entendimento, de estima recíproca, de coesão e de enriquecimento social e
económico, a ligação entre os diversos grupos já não pode bastar-se com a
simples constatação ou aceitação da sua existência mútua. Deve, isso sim,
basear-se no princípio da interculturalidade, onde, sem aniquilamentos nem
imposições, para além do acolhimento das diversas culturas, se apela para a
transformação recíproca que o encontro entre elas pode originar, num processo
contínuo de reinvenção da nossa identidade cultural coletiva.
Neste
contexto de evidente multiculturalismo, com o propósito de auxiliar na gestão
das diferenças e a convertê-las em riqueza, tanto para os grupos minoritários
como para as comunidades onde esses grupos se inserem, o Conselho da Europa instituiu,
em 2008, a Rede Europeia de Cidades Interculturais (RECI).
Atualmente, a RECI reúne, no conceito de interculturalidade
e nas suas múltiplas iniciativas, mais de cem urbes, tanto europeias como do
resto do mundo.
Qualquer metrópole, desde que cumpra os
valores universais defendidos pelo Conselho da Europa, como sejam o respeito
pela igual dignidade de todos os indivíduos, pelos direitos humanos, pelo
Estado de Direito e pelos princípios democráticos, poderá solicitar a
integração neste grupo. São diversas as cidades nacionais que já o fizeram.
Ainda no âmbito deste projeto, com o objetivo de promover o desenvolvimento e
implementação de políticas de integração de imigrantes, gestão da diversidade e
diálogo intercultural, fomentando o intercâmbio de melhores praxes entre as
cidades associadas, em estreita ligação com a Rede Europeia de Cidades
Interculturais, foi
criada em Portugal, em 2012, como sendo uma associação de municípios, a Rede
Portuguesa de Cidades Interculturais (RPCI).
A RECI e a RPCI são autónomas, podendo as cidades
portuguesas aderir às duas redes ou apenas a uma delas. Neste momento a RPCI
agrega Lisboa, Amadora,
Cascais, Oeiras, Setúbal, Loures, Santa Maria da Feira, Viseu, Braga, Coimbra,
Beja, Portimão e Albufeira. Todos estes municípios integram também a RECI.
Sem necessidade de consultar sensos ou registos percebemos no nosso
dia-a-dia, de modo claro, que Caldas da Rainha serve de lar a grande número de
cidadãos estrangeiros dos mais variados quadrantes.
Assim, no sentido de
adquirir aprendizagem, através da troca de conhecimentos e experiências, de
boas práticas relacionadas com a transformação da diversidade cultural num
recurso de desenvolvimento da cidade, potenciando novas fontes de inovação,
criatividade e empreendedorismo, ao mesmo tempo que se constrói uma comunidade
mais inclusiva e acolhedora, gostaria de ver Caldas da Rainha aderir à Rede
Europeia de Cidades Interculturais (RECI) e à Rede Portuguesa de Cidades
Interculturais (RPCI).
Acredito que com estas medidas seremos capazes de, a nível local,
avançar no caminho da construção
de uma sociedade pluralista e democrática, que a todos aproveite, onde as
diferenças façam parte de um património comum cada vez mais valioso. É por
estar convicta de que assim é, que, na qualidade de deputada, apresentei, no
dia 16 de dezembro, à Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora de Pópulo Côto e São Gregório,
as presentes propostas.
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