E se a Lista B tivesse ganho as eleições concelhias do PS em 2020?
No pretérito dia 26 de setembro
de 2021 aconteceram as eleições autárquicas, e, como é notório, o Partido
Socialista caldense sofreu uma forte derrota, a maior de sempre. O mau
resultado eleitoral é fruto do trabalho que foi desenvolvido até aqui. Quem o
levou a cabo acreditou, certamente, que estava a fazer o melhor pelo Partido.
Pelo que, não pretendemos agora fazer “rolar cabeças”, mas parece-me necessário
referir que, eu e os militantes que me acompanharam na candidatura à liderança
da concelhia em janeiro de 2020, teríamos procedido de outro modo, e os factos
demonstram isso mesmo, muito claramente.
Não estarei a cometer nenhuma
inconfidência partidária, uma vez que tudo o que vou referir foi, ao longo do
tempo, tornado público.
O Partido Socialista decaiu em
mais de metade dos votos relativamente a 2017. Perdeu 1 dos 2 vereadores (e, pelo
reduzido número de votos conquistados, esteve à beira de ficar desapossado dos 2);
e perdeu 3 dos 6 deputados municipais.
Isto num cenário completamente
propício para o crescimento do PS. Pois, a candidatura independente, que surgiu
neste ano eleitoral, liderada por um membro anteriormente integrante das listas
do PSD, naturalmente, iria (tal como aconteceu) dividir aquele Partido. Divisão
essa que, existindo o candidato, a equipa, e o projeto certo, poderia fazer do
Partido Socialista um vencedor. Mas o que aconteceu, e tal como há muito se
fazia adivinhar, foi exatamente o contrário.
Desde 2017 que era projeto da
concelhia repetir o mesmo candidato em 2021 (e, quiçá, em 2025).
Tendo, durante o processo das
autárquicas de 2017, percecionado que a candidatura do PS, em vários domínios,
possuía escassa recetividade, e não concordando com a sua repetição, em janeiro
de 2020 quando fui candidata à liderança da concelhia, propus um projeto renovador onde se incluía a apresentação de
novo candidato para a Câmara Municipal.
Não ganhámos, mas fomos eleitos
7 militantes para a Comissão Política (onde, obviamente, somos minoria). Venceu
a Lista A encabeçada pela camarada Sara Velez atual presidente da concelhia.
Em maio de 2020, em reunião de
Comissão Política Concelhia (CPC), intentei que a escolha do candidato
autárquico fosse feita em Assembleia Geral de Militantes, para que todos
pudessem ter o direito de eleger e de serem eleitos. A minha proposta foi
rejeitada, e a escolha em causa foi marcada para reunião da CPC, a realizar em
junho de 2020, na sede dos Pimpões. Onde o Secretariado apresentou, como se
previa, o mesmo candidato de 2017 (Luís Patacho).
Em conjunto com vários
militantes apontámos o engenheiro Joaquim Beato para candidato a candidato
autárquico de 2021.
Vou naturalmente abster-me de
fazer desenvolvimentos do que aconteceu naquele acalorado fórum, refiro apenas
que sendo nós, os proponentes, uma minoria na Comissão Política, o engenheiro
Joaquim Beato não foi o eleito.
Venceu, como estava muito bem
definido pela concelhia e Secretariado, Luís Patacho.
Entretanto, Já em 2021, surgiu,
como todos sabem, o Movimento Independente “VM - Vamos Mudar” liderado por
Vítor Marques (que, curiosamente, escolheu Joaquim Beato para seu número 2).
Perante este cenário, disse-o
por várias vezes, e a vários militantes, que, naquele contexto, se eu fosse
presidente da concelhia socialista, tentaria fazer uma aliança com este
Movimento; que procuraria construir uma lista conjunta; que o Movimento seria
(estabelecendo-se acordo) a candidatura do PS.
O Movimento Independente “VM-
Vamos Mudar” ganhou estas autárquicas. O nosso candidato a candidato, Joaquim
Beato (que lançámos politicamente), foi um dos vencedores da noite de 26 de
setembro. O PS foi um dos grandes derrotados.
Com Joaquim Beato ou, mais
tarde, fazendo lista conjunta com o Movimento Independente, o PS poderia ter
sido o ganhador destas eleições. Foram duas oportunidades perdidas pela atual
concelhia. Faltou, na minha modesta opinião, visão/estratégia política.
A conclusão que posso tirar
neste momento é a de que, se, em janeiro de 2020, a nossa Lista B tivesse
vencido as eleições concelhias, o PS teria fortes probabilidades de ser agora a
governança deste concelho.
Vítor Marques é o novo
presidente da Câmara caldense. Porém, com a maioria na Assembleia Municipal a
pertencer ao PSD (por via das Juntas de Freguesia conquistadas), e com um
empate de vereadores entre o Movimento e o PSD (3/3), a governação não se aparenta
facilitada.
Através de alianças, ou
assumindo-se a oposição, depositamos legitimamente, por ora, esperança na
existência de um trabalho criativo, inovador, atento e holístico, de todos os
intervenientes, mas será, como diria Paulo Freire, uma “esperança do verbo
esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar”.
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