Pertenço à geração “Soares é Fixe”

Sou socialista de nascença, pelo coração e por convicção.

Comecei a construir a minha identidade e consciência política muito cedo, em contexto familiar, ao som de frases do tipo, “Mário Soares é uma referência do País no estrangeiro”, e, “só o socialismo é capaz de estabelecer um justo equilíbrio entre os direitos Individuais e os direitos sociais”. Assim, entre o muito que fui ouvindo, vendo, lendo e pensando, alicercei a noção de que é pela política, partidária ou não, que tudo muda.

Ainda guardo, na estante da casa dos meus pais, a minha velhinha “República”, de Platão, que eu própria comprei com as poupanças guardadas no meu porco de barro. Dela retirei os ensinamentos e a certeza de que, a política, apenas tem sentido quando se dirige à causa pública e ao bem comum.

Com os autores do século XIX e XX entranhei a ideia de que só conseguimos criar sociedades equitativas, e permitir o desenvolvimento pleno da personalidade de cada indivíduo, com equivalente consideração e respeito pela liberdade e pela igualdade. E, achava eu, seria através da ideologia socialista que conseguiríamos alcançar tal desiderato.

Esta corrente “estadista” tornou-se, para mim, um movimento basilar para a edificação de sociedades mais justas, e, no meu modo de ver o mundo, a nível partidário, o PS era o grupo político que mais se aproximava desse conceito. Por isso, tornei-me socialista não apenas de nascença e pelo coração, mas, também, por convicção.

Já cheia de certezas, na companhia da Juventude Socialista, participei na histórica campanha  para as presidenciais de 1986, onde, em fantásticas e inesquecíveis arruadas noturnas, pela cidade do Porto, encavalitados em Scooters, carregávamos e ostentávamos as bandeiras com os dizeres: “Soares é Fixe”. É isso mesmo, sou da geração “Soares é Fixe”!

Mas, foi já como estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra que iniciei, verdadeiramente, a minha participação ativa nas lides políticas, tendo disputado e ganho eleições, integrando e encabeçando a, na altura tradicional, Lista C, apoiada pelo Partido Socialista.

Embora tenha sido alvo de várias solicitações para o efeito (algumas até bem curiosas), não senti, na época, desejo de me filiar ao partido. Apesar disso, participei, a título de convidada, em várias assembleias da Juventude Socialista, das quais, de repente me vêm à memória, o encontro de São Pedro do Sul de abril, ou março, de 1995, e os Congressos da Figueira da Foz de 1994 e o de 1996.

A vontade de aderir à militância aconteceu apenas em outubro de 2017, logo após ter integrado, no âmbito das eleições autárquicas, a lista candidata à União de Freguesias de Caldas da Rainha – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório. Por diligência própria, sem qualquer apelo ou rogo de terceiros, preenchi uma ficha do PS e pedi ao João Soares que a assinasse.

Sou agora, por iniciativa também muito pessoal - assente na asseveração de que o Partido Socialista caldense precisa de se reconstruir -, candidata à liderança desta concelhia.

A decisão foi encetada por um desejo meu, e, seguidamente, corroborada por vários socialistas que muito prezo, respeito e admiro. Sentindo que depositavam na minha candidatura uma esperança na renovação do PS/Caldas, resolvi, com segurança, avançar.

Estou neste projeto como em tudo na vida, “de peito aberto e de coração nas mãos”, mas não estou sozinha. Conto com uma equipa extraordinária, de gente de grande valor, que está na política, igualmente, de modo desinteressado, pensando apenas na causa pública e no melhor para o concelho e para o mundo, e que não se deixa beliscar por tentativas sub-reptícias e disfarçadas de implementação de discórdia. Por tudo isto, estou-lhes profundamente grata. Obrigada equipa imensa!